As tecnologias do futuro não virão do Vale do Silício, mas de dentro das fábricas

Diversos estudos já estimaram quantos (e quais) empregos serão extintos pela tecnologia nos próximos anos. Há quem defenda que as posições não vão desaparecer, mas passarão a exigir habilidades diferentes e ganharão eficiência. Cedrik Neike, membro do Conselho de Administração da Siemens AG e CEO da Siemens Digital Industries, é um deles. E mais: acredita que os profissionais do chão de fábrica, ou "colarinhos azuis", serão protagonistas da inovação no setor. "As tecnologias do futuro virão de quem trabalha nas fábricas, não do Vale do Silício", diz ele.

Em uma coletiva de imprensa virtual, o executivo falou sobre as tendências que estão definindo os rumos da indústria. Tecnologias como 5G, inteligência artificial (IA) e internet das coisas (IoT) são algumas das protagonistas. Mas essas tecnologias devem trabalhar em função das pessoas, e não o contrário. E isso significa, também, permitir que mais pessoas, dos funcionários aos consumidores, possam explorar suas potenciais aplicações.

"Em vez de focar em 5% da população que é especialista em TI, precisamos simplificar as aplicações para que todos possam criar soluções que atendam às suas necessidades", diz ele. "Precisamos treinar os colarinhos azuis para torná-los desenvolvedores." A premissa já foi colocada em prática na Siemens: a empresa treinou 10 mil funcionários de diferentes áreas para que possam atuar no desenvolvimento de aplicações. Segundo Neike, o treinamento também foi um dos pilares de uma recente parceria da empresa com a Mercedes-Benz para tornar a produção automotiva mais sustentável.

Outro desafio para o futuro da indústria, na visão do executivo, diz respeito aos dados. "Todos falam sobre os dados serem o novo petróleo. Mas, quando o combustível foi descoberto, só era usado para acender o fogo", destaca Neike. A mesma lógica vale para a infinidade de informações coletadas a cada segundo pelas companhias. "Ninguém está usando esses dados. Precisamos encontrar tecnologias para conectá-los à nuvem e ao edge computing e aplicar IA para tirar valor deles", diz.

Questionado quanto a sua visão sobre o Brasil, o executivo destacou que o país tem boas indústrias, como a automotiva e a de mineração, e boas ideias. Seu futuro vai depender dos rumos da recuperação econômica e dos passos tomados depois dela. O futuro do 5G em terras brasileiras é outro ponto central, segundo ele. "O país tem muitas capacidades e precisa acelerar [suas transformações] para aproveitar essas vantagens. Isso vale não apenas para o Brasil, mas para todos."
 

 

Fonte: Epocanegocios
 

Entre no nosso Canal no Telegram e receba todas as novidades sobre o Futurecom:

Siga-nos nas redes sociais