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Como a tecnologia pode contribuir para segurança das cidades e dados pessoais e quais implicações éticas e legais envolvem o surgimento de novas tecnologias? Este será o tema central do debate com três especialistas da IEEE (maior organização profissional do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade), Paulo Miyagi, Edson Prestes e Cyro Boccuzzi, no próximo dia 30 de outubro, 11h30, durante a Futurecom 2019, principal feira de telecomunicação e Tecnologia da Informação (TI) da América Latina, a ser realizada entre 28 e 31 de outubro.
As smart cities (cidades inteligentes) podem desempenhar importante papel, assegurando qualidade de vida, promovendo o desenvolvimento sustentável e incrementando a funcionalidade dos sistemas urbanos. Porém, com a implantação desses sistemas inteligentes, problemas de cibersegurança, como privacidade e ameaças a dados pessoais, se tornarão grandes desafios que exigirão contramedidas eficientes para combatê-los. Os especialistas do IEEE debaterão essas questões, abordando temas como smart cities, Inteligência Artificial e cibersegurança, e implicações éticas e legais geradas por essa nova realidade.
Desafios da cibersegurança
Membro sênior do IEEE e Professor titular da Escola Politécnica da USP, Paulo Miyagi, avalia que, além de oferecer gestão organizacional e serviços de utilidade pública, transportes e sustentabilidade ambiental, cidades inteligentes devem assegurar também a cibersegurança. “Há vários requisitos para a cibersegurança urbana, como autenticação e confidencialidade para acesso às informações e aos serviços da cidade inteligente, com soluções de criptografia para proteger a confidencialidade das informações e nas comunicações; assegurar a resiliência contra ataques e os mecanismos robustos de proteção de transmissão de dados; garantir a capacidade de monitorar seus sistemas para predição e detecção em tempo real de quaisquer eventos anormais devido às vulnerabilidades dos dispositivos envolvidos; e proteger a privacidade pessoal, adotando estratégias contra a mineração de dados para identificação de informações sensíveis”, afirma Miyagi.
Esses desafios exigirão o desenvolvimento de grandes avanços tecnológicos. “Adotar segurança de redes de comunicação baseadas na Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), por exemplo, será necessário para entender melhor a propagação de malwares, proporcionando estratégias efetivas de proteção de informações”, propõe Miyagi. Além disso, os sistemas de fog computing, embora ofereçam recursos muito limitados no processamento de informações, também exigem mecanismos de proteção de privacidade mais eficientes por serem muito próximos dos usuários. “Devemos adotar a minimização de dados, desenvolvendorsoluções para reduzir a quantidade de dados utilizados e armazenados para a política e gestão da cidade e a limitação de acesso a informações, impedindo que as mais sensíveis sejam acessadas sem a devida permissão”, acrescenta o professor.
E qual seria o papel de redes inteligentes e iluminação pública para reforçar a segurança? “Um é o lado da infraestrutura, que procura economizar energia com o uso racional dos recursos para esse tipo de serviço de iluminação. E o outro é pensar como o serviço de iluminação inteligente realmente será um canal alternativo com a implementação de IoT. Então, o próprio sinal luminoso, a própria instalação em cada poste também será uma antena para receber e emitir sinais”, propõe. Apesar das grandes possibilidades oferecidas pelas smart cities, sua evolução ainda é lenta e isolada na maioria dos países, incluindo o Brasil. Diante dos desafios, levar esses temas para debate na sociedade, como na Futurecom, assume grande importância. É fundamental. Estão chegando novos conceitos, novas ideias, por isso temos de entender o que está sendo falado, o que está vindo, atraindo soluções para o futuro. E o papel do IEEE é promover reuniões e debates para detectar prós e contras, caminhos a seguir e normas para o bem-estar e qualidade de vida da população”.
A revolução das smartgrids
Membro sênior do IEEE e também CEO da consultoria ECOEE e presidente do Fórum Latino-Americano de Smart Grid, Cyro Boccuzzi, considera as smartgrids uma nova rede de tecnologias que estão proporcionando grande revolução tecnológica no setor de eletricidade. “A indústria tradicional centralizada sempre se baseou em concessões, monopólios e mercados cativos, mas está sendo progressivamente substituída por uma nova indústria do século 21, onde os serviços não são monopolistas, e sim competitivos e distribuídos com novas tecnologias em escalas menores e mais próximas ao uso final e os recursos distribuídos que a gente chama de DER (Distribute Energy Resources)”, avalia Boccuzzi.
E quais seriam esses recursos? “São melhores práticas de eficiência energética, como, por exemplo, instalar uma lâmpada que consome um décimo de energia do que a iluminação anterior consumia, o que também se aplica a condicionamento de ambientes, refrigeração de comida ou, aquecimento de casas”, explica Boccuzzi. “A eficiência energética permite que se gere energia em quantidades pequenas para fazer as mesmas coisas que você precisava daquela grande companhia a quilômetros de distância. Será comum no futuro as casas, produzirem parte da energia que consomem proporcionando um empoderamento dos consumidores”.
Como no caso da cibersegurança, a implantação de smartgrids varia muito de país a país em termos de características técnicas, estruturas de mercado e formas de controle e regulamentação. “Cada país tenta modernizar as redes de acordo com sua realidade. No Brasil, ela não é igual a uma americana ou europeia. Existem vários grupos que trocam essa experiência, como a Agência Internacional de Energia, onde representei o Brasil em duas reuniões e na qual todos os países defendem iniciativas para adotar energias limpas e renováveis de forma distribuída com usinas menores para suprimento local, ao invés de grandes usinas que causam grandes impactos ambientais”, afirma Boccuzzi.
O grande desafio é que, apesar de essas tecnologias no mundo todo registrarem queda de preço, no Brasil ainda vivemos uma crise econômica com poucas possibilidades de investimento, principalmente no setor público. Então, constatamos cidades com diversas dificuldades de orçamentos, mantendo seus princípios básicos ainda na tecnologia anterior”, avalia Boccuzzi.
A educação dos cidadãos para o uso eficiente da energia também terá importante papel. “No Brasil, por exemplo, você vai comprar uma geladeira e vê o selo informando a que gasta menos e a que gasta mais, o que ajuda a então isso é um processo de trazer consciência para a população”, exemplifica. Divulgar os benefícios dessas novas tecnologias também conquistará o apoio da sociedade. “Várias outras tecnologias a serviço da cidade também estão evoluindo, como, por exemplo, a iluminação pública, um serviço que tem muito a ver com a segurança do cidadão e utiliza sistemas que reduzem custos para as prefeituras com energia leve por meio de sistemas com alto nível de automação”, destaca Boccuzzi. Esses sistemas permitem reduzir a iluminação numa rua quando há pouco tráfego e balancear o fluxo luminoso de acordo com a necessidade da região.
Outro benefício à população é o sistema inteligente de câmeras de segurança, hoje muito acessíveis, que reconhecem imagens e interpretam padrões anormais de comportamento, tumultos ou assaltos, identificando-os automaticamente e acionando alarmes. “Espalhar essas câmeras pela cidade, além de barato, oferece a habilidade de resolver o que antes se precisaria de um exército de vigilantes, melhorando a segurança das pessoas”, observa o membro do IEEE.
Outro benefício à população é o sistema inteligente de câmeras de segurança, que reconhecem imagens e identificam padrões anormais de comportamento, tumultos e assaltos e acionam alarmes. “Espalhar essas câmeras pela cidade, além de barato, permite resolver o que antes se precisaria de um exército de vigilantes,”, observa. Boccuzzi avalia que a segurança cibernética éum desafio porque parte dos equipamentos funciona em modo automático com base em sistemas de IA tendo potencial danoso se forem acessados por pessoas mal-intencionadas, o que poderia desligar cidades inteiras, paralisar o transporte urbano ou até provocar acidentes. “Como toma decisões autônomas, o sistema pode ficar vulnerável se não for planejado para ser seguro desde o seu nascimento”, afirma.
Boccuzzi avalia que a segurança cibernética se tornou um desafio pelo fato de um número maior de equipamentos funcionar em modo automático com base em sistemas de IA, tendo potencial danoso imenso se forem acessados por pessoas mal intencionadas, o que poderia desligar cidades inteiras, paralisar os sistemas de transportes urbanos ou até provocar um acidente onde morreriam milhares de pessoas. “Então, na medida em que esse sistema toma decisões autônomas, sua vulnerabilidade pode aumentar se não forem planejados para serem seguros desde a hora de seu nascimento. Por isso, desde a origem já devem ter a preocupação com rastreabilidade e autenticação dessas informações”.
A importância de questões éticas e legais
Além dos desafios técnicos de segurança, o surgimento de novas tecnologias também gera questões éticas e legais para a sociedade. Edson Prestes, membro sênior do IEEE, defende o desenvolvimento responsável de sistemas para que respeitem os direitos fundamentais dos cidadãos. “O primeiro fator é entender esses direitos. Em geral, as pessoas que trabalham com tecnologia não possuem treinamento formal para compreender o impacto pessoal e social da tecnologia no cotidiano das pessoas. Em geral, desconhecem os princípios listados na declaração universal dos direitos humanos e como eles estão sendo violados pela tecnologia. Um exemplo simples é a violação à privacidade que constitui em uma violação do artigo 12 da declaração.”, explica Prestes.
Embora a tecnologia possa não ter inicialmente um viés político ou maléfico, ela está vulnerável a tal uso. “Por isso, precisamos fazer uma análise da tecnologia de um ponto de vista mais holístico (que busca um entendimento integral dos fenômenos), de todos os pontos de vistas, políticos, sociais, individuais”, propõe Prestes. A degradação ambiental, por exemplo, também é uma violação dos direitos humanos e a tecnologia pode amplificar esse problema. De forma similar, uma casa inteligente pode ser usada para violências domésticas. Por sinal, existem exemplos deste uso.
Segundo ele, a tecnologia tem um poder transformador gigantesco, tanto para o bem quanto para o mal. Deste forma, sugere uma união a esforços internacionais para discutir sobre como será regulamentada a área tecnológica a fim de minimizar os impactos negativos e ampliar o potencial da tecnologia para o bem de todos. Recentemente, o Painel de Alto Nível do Secretário Geral da ONU sobre cooperação digital, o qual Prestes faz parte, publicou relatório que traça um panorama global da área tecnológica e propõem um conjunto de ações para reduzir as desigualdades sociais e econômicas, criar novas oportunidades, entre outros, no âmbito tecnológico. “Tecnologia não conhece fronteiras! Um mesmo software pode ser utilizado em inúmeros países, influenciando inúmeros aspectos da nossa vida. Como exemplo, veja o caso do facebook. Nesse sentido, a Futurecom vai ser importante para disseminar um pouco este conhecimento e ampliar esta discussão”, destaca Prestes.
Lightning Talks
Além do debate, a IEEE organizará na edição deste ano da Futurecom as Lightning Talks, “palestras relâmpago”, com os 3 especialistas, no próprio estande sobre importantes temas como Cidades Inteligentes e segurança dos dados, redes inteligentes e ética na tecnologia. Cada apresentação dura em média 5 minutos:
• 29 de outubro, às 14h - Paulo Miyagi - Smart Cities e Cybersecurity
• 30 de outubro, às 14h - Cyro Boccuzzi - Smart Grids Redes inteligentes habilitando aplicativos de segurança para cidades inteligentes
• 30 de outubro, às 16h30 - Edson Prestes – Ética na Tecnologia
Sobre o IEEE
O IEEE é a maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. Seus membros inspiram uma comunidade global a inovar para um futuro melhor por meio de seus mais de 420.000 membros em mais de 160 países. Suas publicações, conferências, padrões de tecnologia e atividades profissionais são recomendadas por diversos especialistas. O IEEE é a fonte confiável para informações de engenharia, computação e tecnologia em todo o mundo.