Olimpíadas tecnológicas: conheça as novidades previstas para Tóquio 2020

O domínio do tempo aproxima grande parte das disputas nas Olimpíadas. A briga pelo melhor tempo projeta o pódio. Mas nem sempre isso é perceptível ao olhar humano. A história olímpica começou na base do improviso, em Atenas 1896. Cada juiz levava seu próprio relógio. O vencedor era determinado depois de feita média dos tempos dos árbitros. Mais de um século depois, em Tóquio 2020, a tecnologia dita os rumos - e ajuda a indicar o ganhador tão logo a prova termine. Sem espera nem dúvida.

Na evolução olímpica, o cronômetro entrou em cena nos Jogos de Los Angeles 1932. Em Londres 1948, foi a vez de o photo finish ser adotado, mas havia ainda uma espera. Era necessário aguardar até 20 minutos para revelar a foto que apontava o vencedor. Na Cidade do México 1968, a natação viu uma grande novidade. Até então, os nadadores dependiam da velocidade dos dedos do juiz para apertar o botão e anotar seus tempos de prova. Naquela edição das Olimpíadas, o próprio atleta passou a selar sua sorte, tocando um painel sensível na chegada.
 

Os Jogos de Tóquio vão contar com um monitoramento quase completo dos atletas. No atletismo, por exemplo, além da distância entre os corredores, será possível também saber a velocidade de cada um, o momento em que um acelera para a vitória e outro fica pelo caminho.
No vôlei de praia, o jogador terá um raio-x com índices como número de saltos, com a altura de cada um em relação à areia, a velocidade dos ataques. E ate a distância que cada um percorre durante um jogo. São elementos que tornam a modalidade ainda mais atraente, explica Emanuel, vencedor de três medalhas olímpicas.

- Acredito que dados sobre informações de velocidade, força, salto dos atletas, vai deixar o vôlei de praia mais espetacular - diz Emanuel. - Você vai acompanhar a imagem e sentir o que é aquilo, como é que o atleta consegue saltar um metro da areia, como é que ele consegue colocar uma velocidade no ataque de praticamente 90km/h. Com informações mais reais, instantâneas, vai ser gostoso assistir, ver dados. Vai entreter mais as pessoas que assistem ao vôlei de praia. Serão mais informações para as pessoas, elas vão se sentir parte ali do jogo.
Para o campeão olímpico de Atenas 2004 e comentarista da Globo, a novidade tecnológica ajuda também a estratégia do atleta no decorrer da disputa.

- Essa informação é importantíssima ao longo da competição. Aí, você consegue analisar em qual momento o jogador está saltando mais, se ele está tendo uma constância de saltos durante o jogo todo, qual o momento em que ele começa a cansar, porque você vai saber dada ataque e velocidade - explica Emanuel, que ganhou também a prata em Londres 2012 e o bronze em Pequim 2008. - Se ele começa a manter ali 80km/h e vai para 60, 50, você vai entender em qual momento aquele atleta começa a cansar. Aí você muda a estratégia do jogo. Com informações privilegiadas, bons times conseguem usar isso na hora certa. Momento em que aquele atleta cansa, aí jogar em cima daquele atleta.

Na natação, enquanto a prova é disputada, serão mostradas informações como velocidade, distância percorrida e número de braçadas. Para Gustavo Borges, dono de quatro medalhas olímpicas, a tecnologia ajuda.
- Com certeza a tecnologia é fundamental dentro das piscinas. Em Barcelona, levou 40 minutos para eu ter um resultado final porque as câmeras tiveram que fazer as filmagens ali. Eu bati a mão no placar e ele não funcionou. Depois de 40 minutos de sofrimento, veio a medalha - disse o comentarista.

Mas o ex-nadador, que levou duas pratas (nos 100m livre em Barcelona 1992 e nos 200m livre em Atlanta 1996) e dois bronzes (100m livre em Atlanta 1996 e no revezamento 4x100m livre em Sydney 2000), ressalta um ponto.
- Monitoramento e você ter em tempo real a posição do atleta, isso é muito interessante. Tecnologia vem sempre para ajudar, auxiliar, deixar mais divertido, inclusive as transmissões, para quem está assistindo de casa. Mas, na natação, você pode estar cabeça a cabeça, ou você pode estar um pouco à frente do seu adversário, mas o que resolve mesmo não é o que o monitoramento vai te dizer. É quem toca primeiro no placar eletrônico.

 

Confira algumas novidades em ação em Tóquio

 

Pistola de largada eletrônica
O som viaja mais lentamente que a luz. Por isso, os atletas das raias mais distantes ouvem o som de largada mais tarde que os demais, beneficiando assim os atletas mais próximos. Em Tóquio, haverá uma pistola eletrônica conectada a alto-falantes, posicionados atrás de cada corredor. Ao se pressionar o gatilho, o som da pistola é gerado eletronicamente e um flash de luz é emitido, enquanto o pulso de largada é enviado ao cronômetro.

 

Blocos de partida para atletismo
Foram também aprimorados com sensores integrados, que medem – 4.000 vezes por segundo – a força de cada atleta contra o apoio dos pés. O sistema de detecção envia as medições de força instantaneamente a um computador local, que verifica visualmente qualquer largada falsa. Pelas regras do atletismo, o tempo mínimo de reação é de 100 milissegundos (um décimo de segundo).

 

Câmera que grava até 10.000 imagens por segundo
A Scan’O’Vision MYRIA é a câmera de acabamento fotográfico mais avançada da história da Omega. Colocada nas linhas de chegada de sprints, corridas de obstáculos e outras corridas, é capaz de gravar até 10.000 imagens digitais por segundo, gerando fotos compostas que permitem aos juízes determinar a classificação oficial e os tempos de cada evento.

 

Natação com indicação por luzes
Um inovador sistema de luzes, denominado Swimming Light Show, inclui luzes instaladas em blocos de partida, na extremidade da piscina. Quando a competição termina, um único grande ponto indica o atleta que chegou em primeiro, enquanto dois pontos de tamanho médio mostram quem ficou em segundo lugar e três pontos menores de luz confirmam o terceiro colocado.

 

Touchpads para natação
Ao final de uma competição de natação, os famosos touchpads – posicionados em ambas as extremidades da piscina – permitem que os nadadores "parem o relógio", exercendo uma pressão entre 1,5 e 2,5 kg (3,3 e 5,5 libras) sobre eles. Devido a esses touchpads, a natação é, há muito tempo, o único esporte em que os competidores podem parar seu próprio tempo de percurso.

 

Quantum Timer
Tem uma resolução ainda melhor, de um milionésimo de segundo. Acionado por um componente de microcristal integrado ao cronômetro, essa resolução é 100 vezes superior à dos dispositivos anteriores e, com uma variação máxima de apenas um segundo a cada dez milhões de segundos, é cinco vezes mais precisa.

 

Fonte: ge.globo.com
 

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